(Abrem-se as cortinas.Uma mesa ao canto num foco de luz de branca. Um alguém embaralhando cartas e fumando.)
Me chamam de louco; louco. Os olhos cruzam tortos em minha direção reparando os detalhes dos panos que eu uso. Eu consigo perceber que há um estranhamento no olhar de cada de um; os padrões foram quebrados. Existem sim, os conservadores, mas o que está fora do convencional ainda assusta.
(Corta o baralho e divide cartas sobre a mesa pra jogadores invisíveis)
Porque o ás sempre tem que ser simbolizado por uma letra e não existe número um. Opa! Em algum o lugar não existe o número um. Então, não há vencedores e campeões e nem vices e lanterninhas. Ah! existe sim, o concreto algarismo um não dá suas caras no início do baralho mas, colocou sua prima vogal: A. Aquela que puxa a fila do alfabeto. Irmãos, fomos enganados.
O K (the King) pronunciou que não existiria o número um, no entanto, vimos o Ás! O aldacioso guerreiro que lidera todos os outros e destacando-se isoladamente, porque os outros são só números. Vejam: 2, 4, 6, 9, 10 e a família real. E não nos esquecemos por favor, do nosso honradíssimo coringa, ou bobo da corte como quiser.
Queiram as Q (Queens) fazerem o que quiserem, mas sempre os J's (Knaves) serão nada mais, nada menos que os valetes (patifes da monarquia).
No mais, o que se esperar de um CardPlayer nos tempos de hoje?
(Risada. Apaga o cigarro num cinzeiro e recolhe as cartas. Fecham-se as cortinas)
4 comentários:
Clap, clap, clap...
texto tá meeega bem escrito, como todos os que você escreve.
baaargh, eu não sei mexer com nenhum jogo de cartas, nem com baralho. ._>
E se não existisse o um... tudo aos pares?
Muito bom o texto, moço.
Beijos :)
Ótimo texto!
Um beijo
ps: respondendo a tua pergunta lá, o texto "pássaro sem asa" é meu.
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