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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O Pipoqueiro - Rascunho parte I

Escuridão. Ouve-se barulhos de pipoca sendo estourada, entra a melodia e uma voz OFF acompanha.

O PIPOQUEIRO

Se já faz noite
Ele se achega
Sempre em segredo
Pra quem não crê
Pára na praça
Perto de um banco
Sua cor é graça
Amarelo e branco
Em outros dias
Está colorido
Praça vazia
Noite de circo...

A voz se mistura com a de Amélia que entra com roupa de passeio, há um poste de luz e um banco de praça.

AMÉLIA - Pelas minhas contas, já era pra ele ter voltado! Mas já são oito horas e ele ainda nem apareceu. Poxa vida! (Abre sua bolsinha que e pega umas moedas. Contando) Logo hoje que mamãe me deu dinheiro pra comprar um saco dos grandes! Droga, viu?!

Senta-se no banco e fica de cabeça baixa, triste. Entra o vendedor de balões, nota Amélia.

VENDEDOR - Ei, menina! Quer balão?
AMÉLIA - Não, obrigada.
VENDEDOR - Por que não? Posso saber?...
AMÉLIA - Porque eu quero pipoca, e não balão.
VENDEDOR - Mas o pipoqueiro não vem mais aqui.
AMÉLIA - Eu pensei que ele viria, por isso eu vim.
VENDEDOR - Então, ele não veio. E acho que não virá assim tão cedo.
AMÉLIA - Por quê?
VENDEDOR - Porque o pipoqueiro encontrou outros motivos e razões. A pipoca não segurava mais ele aqui.
AMÉLIA - Você sabe o que aconteceu com ele?
VENDEDOR - Sei. O pipoqueiro era meu amigo, contou-me tudo antes de ir embora.
AMÉLIA - Então me conta!

Ouve-se o dedilhar de um violão, o Vendedor canta.

VENDEDOR -

História de vida

Chega uma hora
na vida da gente
pode ser agora
assim tão derepente
Ou pode ser depois
depois de um
ou outros dois
que tudo fica incomum.
O homem quando vê
a beleza d'uma moça
faz tum-tum batê
quebra-quebra toda loça.
Assim foi que aconteceu
na vida do senhor
A jardineira conheceu
plantou nela amor...

[ Continua... ]

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A coisa mais linda que você já me disse

Beto e Núbia. Um apartamento com sofá, criado mudo, cavalete e cinzeiro. Núbia está pintando, Beto chega do trabalho.

B - Ainda pintando, Núbia?

N - Sim, estou tentando terminar esta tela.

B - Ta inspirada, hem!

N - Graças a Deus! Há tempos que eu não consigo gastar boas horas pintando.

B - Desde que nos mudamos pra cá.

N - É... talvez seja o pouco tempo que estou por aqui. Estou me acostumando com as paredes, janelas e carpete. Tudo isso faz diferença na hora de pintar.

B - Você acha que essas coisas só influenciam na sua pintura?

N - Não. Em tudo, mas não sei dizer no que mais.

B - No sexo. Desde que nos mudamos nunca mais transamos como antes.

N - Não tinha percebido. Pra mim, está como sempre.

B - Você é mulher. Sendo bem ou mal fudida, geme do mesmo jeito.

N - Opa! Não é assim não! Você se esqueceu que casou com uma supersincera?

B - Ah é?

N - É. Não pense que se não reparei nada diferente é porque deixei de pensar...

B - Eu não quis dizer isso.

N - Ah não?! Vocês homens nunca querem dizer nada disso que estamos pensando.

B - Só reclamei das nossas transas. O lugar pode estar afetando.

N - Não! Acredito que o problema não tá na merda desse apartamento novo!

B - Está aonde?

N - Não sei. Em qualquer lugar... quem está falando é você, José Roberto. Então você é quem deve saber onde está o problema.


Para de pintar, joga as coisas no sofá e vai saindo brava.

Beto a segura.


B - Você não vai a lugar algum.

N - Solte-me, Beto! Você conseguiu acabar com a minha inspiração.

B - Não, só quero que você use-a comigo.


Núbia olha pra ele.


B - Ta vendo?

N - O que?

B - Seu olhar...

N - Não o vejo.

B - Olhe pelos meus olhos.


Beto põe as mãos sobre o rosto de Núbia e vem trazendo seu corpo ao dela.


B - Essa é a coisa mais linda que você já me disse.


Beijam-se.


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Respondam-me: O que vocês sentiram?


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Ganhei!

Ganhei da mais nova amiga * PATTY * do Borboletas no Estômago!

Adorei, muito obrigado, Patty. Tão pouco tempo entrando na turma e já ganhando presente. Hehehehehe! Então, vou repassá-lo a todos os caros amigos a seguir:

A Madrasta Má

Romance em versos

Lua do Antiquário

AMANHECEU... UM NOVO LINDO DIA!!!

Andando na chuva

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That's it! Uma ótima semana e...
Até a próxima sessão!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Choro te faz triste - Nas Asas da Borboleta

Carola é uma borboleta, Marimberta uma lagarta e Lúria uma mariposa. Marimberta se sente feia e Lúria sempre a estimula a se sentir mais feia. Carola quer que Marimberta veja a vida com outros olhos, além dos olhos com que Lúria apresenta o mundo a ela. Acontece, que Lúria é frustrada, pois em sua infância era chamada de feia pela própria mãe... Numa conversa entre as três ela desabafa e há um momento de conforto.

CAROLA -
Não chore, pequenina
Que o choro te faz triste
Alegra teu rostinho
Que sorriso nele existe!
Abraça seus amigos
Que o abraço fortalece
Ele te faz abrigo
O amor é que te aquece...
E a verdade está nos sonhos da gente!
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Trechinho da minha ultima obra Nas Asas da Borboleta, fábula musical infantil. Ainda quero postar outros trechos, é bem rico!
Ótimo final de semana!
Até a próxima sessão.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Memórias de um marinheiro

[...]

(Pedro imitando Ritinha)

"Pedro, você vai pra guerra?"

Vou! Quero dizer, não, Ritinha. Eu vou pro mar!

"Mas esses navios, vão pra guerra!"

Bobagem, Ritinha. O importante é que vou estar onde eu quero. Você também vai querer ir pra algum lugar onde se sinta bem. O meu, é o mar!

"Está bem, Pedrinho. Você está certo. Tem que ir em busca dos seus sonhos. Eu também vou atrás do meu!"

Qual é o seu, Ritinha?

"Ah! O meu? É ser atriz de cinema! De fazer grandes filmes: comédias, dramas... e romance!"
Romance, Ritinha? Você gosta?

"Sim, acho lindo. Ainda mais aqueles em que o mocinho é alto, forte e bonito. Pega a gente assim e lasca um beijo!"

Assim?

"Pare de sem-vergonhices, Pedro! Estava só dizendo como quero fazer um filme..."
Ritinha, antes de ir embora quero fazer uma coisa!

"O que é?"

Coisa de filme de romance.

"Que coisa?"

Ah você sabe... aquilo que eles fazem nos finais de filme!

"Não sei não, Pedro! Eu nunca assisti! Só estava comentando!"

Sabe sim, é coisa boba de mão com mão, braço com braço, boca com...

"Boca com a minha mão se você vier fazer graça! Você sabe que não tenho idade e não estou preparada."

Só mão com mão!

"Não!"

Dedo com dedo?

"Não!"

Unha com unha? Sim!

"Também não, bocó."

Então eu vou embora, dizer adeus pra Dorinha!

"Não! Volte aqui! Vamos, diga, como é que é esse negócio de mão com mão?"

(Pedro senta-se)

É assim, você põe a mão na minha perna e eu coloco a minha na sua. As mãos fazem carinho, os dedos se encontram até que eles deitam e o nosso compromisso ta selado.

(Faz tudo como dito, com as duas mãos.)

"Pronto, Pedro. Já deu."

Adeus, Ritinha.

"Espera, Pedro! Fica assim, de frente pra mim. Abra os braços e me abraça, Pedrinho! Me abraça!"

(Quando ele vê, está abraçado sozinho.)

Ritinha me deu uma foto nossa, e seu abraço mais gostoso. É abraço de papai de Noel na época de natal. Forte e gostoso, pra ver se o presente vem no dia vinte e cinco.
Depois me despedi dos amigos, do tio Dorival e da família lá de casa. Cada um me deu uma foto.
E a minha partida foi a mais linda.

(Pega a mala, surgem barulhos de navio e música animada. Pedro sobe em um plano e de frente, acena com as mãos dando adeus.)

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Fragmento do monólogo Memórias de um marinheiro. Quem fala é Pedro, marinheiro perdido em alto mar que lembra dos grandes momentos de sua vida. Esse é um dos meus trechos preferidos, quando se despede de Ritinha. Mais? Pede e eu posto.
Obrigado ao pessoal que me recebe muito bem na blogosfera! Estou linkando todos.
Até a próxima sessão!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Compra de Briga

O lugar é todo branco. Aparece Eu Hoje (EH), num sofá lendo um livro está Eu Ontem (EO) e numa escrevaninha Eu Amanhã (EA). EH parece entusiasmado, EO entretido no livro e EA, talvez escrevendo algo com pressa.

EH- Gente, comprei a briga!

Silêncio.

Comprei a briga, gente! Estão ouvindo?

EO para de ler e senta-se.

EO- Comprou o quê?
EH- A briga!
EO- Que briga? Do que você ta falando?
EH- Da briga, filhote. Eu já me decidi! Poxa, to feliz da vida!
EO- Mas, decidiu o que? O que vai fazer?
EH- Vou fazer o que eu sempre quis!
EO- E o que eu sempre quis?
EH- Ué! Você não sabe o que sempre quis?! Ei, aquilo que você vai querer fazer quando crescer, quando tiver a minha idade!
EO- Eu ainda não tenho a sua idade. A única coisa que eu sei é o que quero agora!
EH- Você já deveria estar sabendo. Afinal o que você quererá, eu quero e ele quis.

Apontando pro EA.

EA- O que eu tenho a ver com isso? Não me envolvam nesse papo de criança versus adolescente!
EH- O que você tem a ver? Tudo a ver! Pois o que eu estou querendo agora, é o que você está fazendo! Se você tem tudo o que tem, deve a mim! Pois fui eu quem um dia pensou em ter tudo isso, em ir correr atrás de tudo isso.
EO- Eeei, não se esqueça de mim, ô seu bocó! Se você é tudo isso que está falando agora, deve tudo a mim! Pois se tem coragem pra enfrentar tudo isso e força pra conseguir tudo, foi por causa de mim que sempre sonhei em ser isso que ele lá ó, tá sendo.
EA- Parem com essa discussão pra cima de mim! Eu to precisando escrever! Escrever muito! Tenho espetáculos pra estreiar, figurinos pra fazer e projetos pra montar. Eu não paro e estou tentando escrever uma peça porque é meu trabalho! E nenhum de vocês dois fez isso por mim.
EO- Ô senhor metidão a artista, pois saiba o senhor, que se tem a capacidade que tem é porque eu leio muito, eu desenho muito e penso demais, tás?!
EH-Muito bem, menino! E se você consegue fazer tudo isso é porque eu fui um dia atrás pra aprender tudo isso, e porque um dia eu comprei a briga!
EA e EO- Que briga?
EH- Essa briga que estamos tendo. A do seu sonho, menino e a do seu sucesso, senhor.

Silêncio de reflexão. Todos entre olham-se. EO volta a ler. EA a escrever e EH liga o computador e vai postar em seu blog. Luz some.

FIM

*

O Corra enquanto é tempo recebe uma cara nova e conteúdo novo. Agora é um blog de textos teatrais, onde a dramaturgia é a peça chave. Por que isso agora?

Porque eu comprei a briga.

Agradecimentos: Drama Diário pela inspiração.
Até a próxima sessão!